Rio, 21/out/13

A contagem estava em 33 dias, quando comecei essa carta que já mudou todas as palavras, ao menos, 3 vezes. Cada dia, ela começa de um jeito novo, com um novo sentimento ou sentido. Agora entendi porque o meu inconsciente resolveu fazer em word. Apagar e recomeçar por aqui é mais prático, não tem rasuras, as mudanças não têm vestígios. Acho que é o mesmo motivo que me incomoda também, não mostrar a vida que tem nos erros ou nas mudanças.
Rio, 21/out/13

A contagem estava em 33 dias, quando comecei essa carta que já mudou todas as palavras, ao menos, 3 vezes. Cada dia, ela começa de um jeito novo, com um novo sentimento ou sentido. Agora entendi porque o meu inconsciente resolveu fazer em word. Apagar e recomeçar por aqui é mais prático, não tem rasuras, as mudanças não têm vestígios. Acho que é o mesmo motivo que me incomoda também, não mostrar a vida que tem nos erros ou nas mudanças.
Rio, 21/out/13

A contagem estava em 33 dias, quando comecei essa carta que já mudou todas as palavras, ao menos, 3 vezes. Cada dia, ela começa de um jeito novo, com um novo sentimento ou sentido. Agora entendi porque o meu inconsciente resolveu fazer em word. Apagar e recomeçar por aqui é mais prático, não tem rasuras, as mudanças não têm vestígios. Acho que é o mesmo motivo que me incomoda também, não mostrar a vida que tem nos erros ou nas mudanças.

Fato que não muda é o que me motiva a te escrever. Uma mistura sinestésica de expectativas, saudades, paixão. Aquela vontade de estar sempre juntinho, mesmo distante, e que, muitas das vezes, a correria da linguagem-telégrafo do facebook não dá conta.

Mas, levantando a polêmica: o dia que nos cruzamos no circo, aqui no Rio, foi uma prova do que a vida nos daria de presente. Até pode entrar na contabilidade, oka, me fez mudar a carta de novo, mas o dia 14 de setembro continua sendo o dia que você invadiu meu coração. Cantar um funk com uma ninja SP que eu não sei o nome num carro exprimido de gente que eu mal conhecia era um tira-gosto da nossa sintonia (como eu tinha me esquecido disso, rs!). Mas, receber um beijo de surpresa e delicioso da mesma guria em uma festa, que eu também mal conhecia as pessoas, meses depois, isso sim, merece ser o começo de um calendário-simbólico-imaginário.

Lógico, calendário que não faz sentido nenhum no pragmatismo da vida; serve apenas como mais um tema para fazer gracinha e estender a carta que não precisava ter fim. Ou que não teria fim, se eu não tivesse te contado que ela existe. Agora, vou ter que terminar. Ou, o mais desafiador: te entregar (ui!). Porque uma coisa é o monólogo da escrita, outra é o diálogo da leitura. Não pelas palavras que estão aqui. Mas, pelo desnude que passarão meus sentimentos. Como eu prefiro o amor em prosa do que em poesia de rima pobre (até porque, nas minhas contradições, não sei fazer poesia e adoro uma rima pobre), estou aqui aproveitando um pouquinho do meu tempo no dia para algumas catarses.

E a catarse é lúdica: fico imaginando um dia que a gente teria para se conhecer de verdade. Deitar no chão com as pernas pro alto, se inundar de ações e não mais de verbos: falar, amar, olhar, tocar. Tudo presencial, tudo a ser sentido ao mesmo tempo. Conversar sobre a infância; saber se você gosta mais de sorvete ou de picolé; o que você pensa da revolução; descobrir qual o seu lugar favorito, se prefere verde ou vermelho ou se já teve um camaleão de estimação (sim, já tive, mas ficava na roça). Algumas horas calmas, sem pressa de acabar, só nós em nó.

Esse mistério todo, essa ausência de privacidade nos dias que conseguimos ficar juntas, essa distância que atiça... tudo é bem fascinante. Uma pitada de feitiche e curiosidade, misturados com o tempero de alguns momentos de carinho. Isso gera uma expectativa louca, uma vontade de largar tudo pra experimentar esse capítulo novo da vida. Ao mesmo tempo, sou uma mocinha que criou muitas raízes ao longo dos seus 33 anos. Tenho a Jurubeba, um apartamento, um namorado, uma gata chamada Serifa, uma família e outras raízes mais subjetivas como o Arpoador e a Floresta da Tijuca. Inúmeros vínculos que fui conquistando e, hoje, me sinto um cadim responsável por cada um. Inúmeras contradições a serem diluídas ao longo dos anos, do mesmo jetinho que estava escrito na cláusula ‘Desafios’ do contrato assinado com a mãe natureza antes de nascer.

Cada dia que passa, fica maior a vontade de ficar com você, mesmo que, por ora, seja virtualmente. Tanta coisa ainda pra desvendar, tanto carinho no coração. Que sintonia é essa que surgiu do nada? De repente, veio, chutou a porta e sentou no sofá. Muito digno, inclusive, que no meio de um ano tão surpreendente para as estruturas políticas e sociais do Brasil, eu também esteja vivendo uma revolução pessoal no meu mapa astral. Se é pra bagunçar o coreto, que seja por completo. E sabe do que mais? Tô feliz a pampas de estar te conhecendo! Como há muito tempo não sentia, não vivia.

E então, ao invés de uma carta sem fim, essa pode ser a primeira de algumas outras que possam vir. Se você me permite, amanhã ou no Natal ou daqui há 15 anos. .... Vai saber quando vai chegar mais uma vontade de dizer que o amor é grande e transbordou em palavras?

Muitos beijos,
Mordidas
Cafuné
Lambidas
Abraços
Apertos
Suspiros
Olhares
Lembranças
Saudades








<3